Uma das questões mais interessantes da História é o fato de que o Ser Humano mais importante da civilização ocidental (Jesus) é alguém sobre o quem praticamente não temos registros históricos. Não temos registros de nascimento, mandato de prisão e execução, nada que ele tenha deixado escrito. Apenas os evangelhos canônicos e alguns apócrifos.
Segundo a Wikipedia, existem 5 documentos romanos que comentam a passagem de Jesus na Terra. Todos são de autoria de historiadores romanos, comentando a história da palestina, ou apenas explicando quem são os cristãos e qual seria a origem de fé. É muito pouco. Sabemos mais sobre muita gente menos importante.
Mesmo os evangelhos não são registros primários. Eles foram escritos de 50 a 100 anos depois dos fatos que narram. O consenso entre os historiadores é de que eles são compilações de relatos que vinham sendo repetidos através da tradição oral.
Para esse post natalino, resolvi fazer uma comparação rápida entre dois livros sobre o assunto. O primeiro é “Zelota”, de Reza Aslan, livro que foi bastante badalado quando lançado, em 2013. O outro, bem mais recente, é “Jesus – Uma biografia para o Século XXI”, do historiador inglês Paul Johnson.
Os dois livros são bastante díspares em suas análises. Enquanto o primeiro se esforça em ser uma análise “científica”, buscando todo o tipo de referência histórica e arqueológica sobre a época em questão, com extensas e bem escritas notas de rodapé, o segundo basicamente se limita a referenciar os evangelhos. Seria mais honesto se uma tradução mais literal do título em inglês “Jesus: a Biography from a Believer” tivesse sido utilizada. Paul Johnson fez um livro de catecismo, não de história.
O ponto principal do primeiro livro é que o Jesus real, que andou sobre a terra e que morreu na cruz (se ele ressuscitou ou não, cabe a cada um de nós decidir), era um Zelota, um nacionalista, que lutava contra a dominação romana. “Eu não vim trazer paz, mas a espada”.
Já Paul Johnson tem uma visão muito mais canônica de Jesus. “Meu reino não é deste mundo”. Jesus estaria não estaria nada preocupado com o poder terreno e sim com a salvação do rebanho de seu pai.
Ambos livros são bem escritos, de fácil leitura. O primeiro me parece mais completo, tentando apresentar as diferentes visões do assunto e defendendo seu ponto de vista com argumentos referenciados na bibliografia. O segundo tem alguns bons argumentos, mas outros ridículos (ele chega a dizer que um dos milagres de jesus (a transformação de agua em vinho em grande quantidade durante uma festa) estaria provado porque “homens não se enganam em questão de álcool”!
O segundo livro vale mesmo como uma revisão comentada dos 4 evangelhos. Para quem não os leu (o meu caso), foi útil ter uma visão geral dos pontos onde eles convergem e onde divergem.
Eu escrevi reviews sobre os dois livros na Amazon (os links estão lá no início do texto). De maneira alguma eles esgotam o assunto. Ambos tem méritos e merecem ser lidos.
Para finalizar, se em “Zelota”, o que lemos é a análise de um homem como nós que tenha vivido naquele contexto geográfico e político, em “Jesus – Uma biografia para o século XXI”, vemos um homem como nenhum outro que tenha existido. Qual deles está mais perto da realidade, é uma questão de fé.
E, sendo assim, Deixo a conclusão para vocês!
Feliz Natal!